Como funciona o Sistema de Pedágio “Sem Parar”

Introdução

Digamos que você esteja dirigindo nos Estados Unidos. Com certeza não vai querer ficar preso numa estrada pedagiada sem ter trocados no bolso. Pode ser um pouco irritante ter que procurar nos bancos do carro, tentando encontrar alguma coisa para dar ao funcionário da cabine do pedágio, enquanto outros motoristas atrás de você buzinam e gritam para que ande logo. Situações como essa causam atrasos nas praças de pedágio. Agora você está no Brasil e as filas de pedágio estão enormes. Também pode irritar bastante perder tempo na viagem, a fila de carros se movendo lentamente.


Foto cortesia TransCore Inc.
Praças de pedágio como esta são familiares a milhares de motoristas

 

Atualmente, a maioria das estradas pedagiadas americanas e européias estão equipadas com um sistema eletrônico de coleta de pedágio, como o E-ZPass (em inglês), que detecta e processa os pedágios eletronicamente. O E-ZPass – homofonia de easy pass, passagem fácil em inglês – é usado em muitos estados americanos, mas a maioria dos outros sistemas de pedágio eletrônicos, como os usados no Brasil, são muito parecidos com ele. Ele usa basicamente um transponder instalado no veículo, ativado por uma antena em uma faixa de pedágio. A sua informação de conta está guardada no transponder, a antena identifica o seu transponder e lê a sua informação de conta. A quantia do pedágio é debitada na sua conta e você tem a permissão de passar. No Brasil, o sistema eletrônico de coleta do pedágio é chamado de Sem Parar ou Via Fácil.

A coleta de pedágio eletrônico foi desenvolvida para tornar o fluxo de tráfego mais rápido, porque assim os carros não precisam parar para fazer uma transação. Nesta edição, você irá aprender como esses sistemas rastreiam veículos e coletam pedágios. 

Os fundamentos

Milhões de motoristas passam por cabines de pedágio todos os dias. Tradicionalmente, nos Estados Unidos e na Eutopa, o processo consiste em colocar algum trocado na cesta, que classifica as moedas e abre a cancela para permitir a passagem do veículo. Hoje, muitas agências de tráfego locais e estatais instalaram ou estão instalando leitores eletrônicos que permitem que os motoristas passem por praças de pedágio sem precisar parar completamente, caso também do Brasil. Os nomes dos sistemas variam, como já vimos, mas todos funcionam praticamente da mesma forma. 


Foto cortesia Delaware Valley Regional Planning Commission
Os motoristas podem dirigir por pistas pedagiadas com E-ZPass sem parar

 

Aqui estão os componentes básicos que fazem o sistema funcionar:  

  • transponder;
  • antena;
  • controlador de faixa: este é o computador que controla o equipamento da faixa e rastreia os veículos que estão passando. Ele está conectado em rede à rede local (LAN);
  • sistema de computador hospedeiro: todas as LANs da praça de pedágio estão conectadas a uma base de dados central através de uma rede de longa distância (WAN).

Os motoristas geralmente têm que pagar uma quantia para obter um transponder, que é quase do tamanho de um baralho. O transponder costuma ser chamado também de tag (etiqueta, cartão de identificação). No Brasil, recebe-se o transponder ao se fazer a assinatura do serviço, que tem a duração de cinco anos. Esse dispositivo é colocado na parte de dentro do pára-brisa do carro, atrás do espelho retrovisor. Um transponder é um identificador por radiofreqüência a bateria, (RFID) unidade que transmite sinais de rádio. Ele é um rádio emissor e receptor com um microprocessador, operando na faixa de 900 MHz. Nesse transponder RFID estão guardadas informações básicas da conta, como, por exemplo, um número de identificação.

Antenas, ou leitores eletrônicos, estão posicionados sobre cada faixa de pedágio e emitem freqüências de rádio que se comunicam com o transponder. A zona de detecção de uma antena normalmente é de 2 a 3 metros de altura e 3 metros de distância. Os dois dispositivos, o transponder e a antena, interagem para completar a transação do pedágio.

Alguns sistemas eletrônicos de coleta de pedágio também podem ser cortinas de luz e sensores tipo laço detector. Uma cortina de luz é somente um feixe de luz direcionado sobre a pista. Quando esse feixe de luz é quebrado, o sistema sabe que um carro entrou. Sensores tipo laço detector são faixas embutidas na pavimentação que detectam o número de eixos que um veículo possui. É cobrado um pedágio maior de um veículo de três eixos do que de um veículo de dois eixos. Esses dois dispositivos são meios de segurança para assegurar que todos os veículos sejam contados corretamente.

Na próxima seção, você verá como todos esses componentes trabalham juntos para detectar veículos e coletar pedágios. 

Sem trocado ou dinheiro, sem problema

Instalando sistemas de coleta de pedágio eletrônicos, as agências do governo americano acreditam que o tráfego andará mais rápido. A idéia é que, mesmo se os viajantes habituais tiverem de diminuir a marcha para as cabines de pedágio, eles podem concluir a operação de forma mais rápida com um sistema como o E-ZPass. Os motoristas não precisam mais se incomodar em parar para depositar moedas no cesto ou pagar o pedágio no caixa – e, com certeza, não há procura por trocados perdidos no carro. Contanto que eles tenham pré-pago sua conta E-ZPass ou contratado o Sem Parar/Via Fácil, apenas será necessário contar com a antena da faixa para que os sinais do transponder sejam lidos. 

 

Eis como o sistema funciona:  

  1. quando um carro se aproxima da praça de pedágio, o campo de radiofreqüência (RF) emitido pela antena ativa o transponder;
  2. o transponder transmite um sinal de volta para a antena da faixa com alguma informação básica;
  3. essa informação é transferida da antena da pista para a base de dados central;
  4. se tiver crédito, o pedágio é deduzido da conta pré-paga do motorista – ou, no caso brasileiro, é lançado débito na conta a ser paga mensalmente por débito automático ou por cartão de crédito do cliente;
  5. se a faixa de pedágio tiver cancela, ela se abre;
  6. uma luz verde indica que o motorista pode prosseguir. Algumas faixas possuem mensagens de texto que informam aos motoristas o pedágio pago e o saldo da conta (não no Brasil).

O processo inteiro leva apenas alguns segundos para se completar. O sistema eletrônico registra cada transação incluindo o horário, data, praça e o valor do pedágio cobrado de cada veículo. Como normalmente os consumidores dos Estados Unidos mantêm contas pré-pagas, uma luz amarela ou algum outro sinal irá piscar para indicar se uma conta está baixa ou esgotada. No Brasil, se a conta não tiver sido quitada pelo débito automático, como por motivo de falta de saldo em conta, a cancela não se abrirá e o pagamento terá de ser feito em dinheiro. Novamente, atraso na viagem.

As regras em relação à velocidade que você pode passar pela praça de pedágio variam de sistema para sistema. Algumas agências de tráfego permitem aos motoristas passarem pelo sistema a 90 Km/h. Outras querem que você diminua para 50, ou mesmo 8 km/h. No Brasil, adotou-se 40 Km/h como padrão. 

Estas faixas são monitoradas por câmeras. Alguns estados permitem que os carros passem direto pela praça de pedágio (não há cancela nesse caso) quando a antena detecta o transponder. Nos Estados Unidos ou na Europa, se você tentar passar pela praça sem um transponder, a câmera registra e tira uma foto da placa do carro. O proprietário do veículo então recebe uma notificação de autuação pelo correio. No Brasil, a cancela simplesmente não levantará.

~ por Mauro Junior em fevereiro 6, 2010.

Deixe um comentário